Lutar, até que o povo acorde. Neste blog publicarei as minhas opiniões e a de outros com as quais concorde. Denunciarei as injustiças e a corrupção de forma simples e pragmática para que os mais desatentos entendam a forma como somos roubados, por quem e para quem. Fá-lo-ei de forma anónima, usando o mesmo principio do voto secreto, e porque quero poder dizer o que penso sem condicionalismos de espécie nenhuma. Embora pensemos que vivemos num país democrático, o certo é que cada vez mais somos controlados pelos poderes e corporativismos instalados, que não olham a meios para atingir os fins.

É importante saber que não tenho partido, religião, clube ou qualquer outra doutrina ou forma de associativismo que condicione a minha forma de pensar. Tento estar atento ao que me rodeia e pauto-me pela independência, imparcialidade, justiça e bom censo.

Para uma melhor optimização da visualização do blog ao seu browser, enquanto pressiona a tecla "Ctrl", rode o cursor do rato e ajuste o blog ao seu monitor.

2011/04/28

Organismos inuteis.. por Marque Mendes


Sócrates neste momento e os governos em geral não querem acabar com as empresas publicas os institutos, fundações e organismos públicos, porque é ali que são colocados os boys dos partidos e é dali que também roubam dinheiro para as campanhas dos partidos e criam uma base de sustentação do poder. Outra maneira de roubar o nosso dinheiro, é nas parcerias publico-privadas. São parcerias engraçadas... os prejuízos são cobertos pelo estado (nosso dinheiro) e os lucros são para os privados, que por coincidência têm sempre alguém do partido e antigos ministros nas administrações. Enfim, rouba-se à descarada.
Assokapa

2011/04/19

O jogo das cadeiras

Como é que funciona o sistema monetário?
Eu explico de uma forma simples:

Eu fabrico uma nota de 100 e empresto a um país e ele fica a dever-me 110. Mas o país só tem 100. Para me pagar os 110, vai ter que me pedir mais 100. Eu fabrico mais uma nota de 100 e o país fica a dever-me 220. Mas só tem 200. Se me pagar os primeiros 110 fica apenas com 90, mas deve-me 110. Ou seja, nunca há dinheiro para pagar a dívida porque a dívida é sempre maior do que o dinheiro que existe em circulação. Se cada nota que se fabrica gera uma dívida superior ao valor dela, nunca há dinheiro para pagar a dívida toda. É sempre preciso pedir mais dinheiro para pagar a dívida, e quanto mais dinheiro se pede, maior é a dívida.

Enquanto o dinheiro circula e há sempre alguém que deve a alguém, parece correr tudo bem. Ao criar-se uma crise, ou até apenas o pânico, em que toda a gente reclama o seu dinheiro aos devedores, há sempre alguém que não tem dinheiro para pagar a dívida.

É como o jogo das cadeiras. Há 10 pessoas em pé e 9 cadeiras. Enquanto não se sentarem todos ao mesmo tempo, há cadeiras para todos. Mas se de repente é necessário que todos se sentem ao mesmo tempo, fica a faltar uma cadeira e alguém vai à falência.

Na prática todo o dinheiro que existe em circulação não chega para pagar toda a dívida, porque a dívida é sempre maior do que o dinheiro que existe, devido ao facto de cada nota que se fabrica gerar uma dívida superior ao seu valor.

Assokapa

2011/04/18

Fernando Nobre

Se não fosse tão triste, estes episódios todos até davam vontade de rir. Depois das declarações completamente cretinas que Fernando Nobre tem feito, acerca de desistir de ser deputado caso não seja eleito presidente da assembleia da República, e depois de confrontado com as declarações que fez, deu agora o dito por talvez não dito com outra afirmação ainda mais idiota que as anteriores...

"Demonstra o meu desapego completo a qualquer cargo político de poder. Só iria para presidente da Assembleia da República porque é um lugar que permite exercer uma influência", sustentou Fernando Nobre.

Ou seja... Como tenho desapego por cargos politicos de poder... quero ser presidente da Assembleia da República, se não for, vou-me embora (grande desapego)... e quero ser árbitro para poder ter influência no jogo...
... porreiro pá.

Assokapa 18-04-2011

2011/04/17

Gang do crédito

Às vezes nem acredito no que vejo e no que oiço. Toda a gente diz, e eu ouvi o representante do FMI dizer que Portugal tem vivido acima das suas possibilidades, quando se devia dizer que Portugal tem sido roubado acima das suas possibilidades.

Fico completamente abesbílico pelo facto de não ver ninguém fazer esse pequeno reparo. Não é Portugal que vive acima das suas possibilidades, são alguns portugueses (poucos) que vivem muitíssimo acima das suas possibilidades. Como é que se pode dizer que uma família que tem um rendimento de 800 € e paga 500€ de casa, e resta-lhe 300€ por mês para alimentar 4 pessoas, escola dos filhos passes sociais, médicos, remédios, vive acima das suas possibilidades?? Estamos todos parvos? Como é que um reformado que recebe 200€ de reforma e gasta 180€ em medicamentos vive acima das suas possibilidades??? Quem afirma uma coisa destas só pode ser estúpido que nem uma carrada de mato. Quem trabalha não vive acima das suas possibilidades.

Quem vive acima das suas possibilidades são os ladrões dos políticos com os gastos que fazem em nome do estado, com as mordomias e ajudas de custo ilimitadas, cartões de crédito e toda a espécie de roubos.
Quem vive acima das suas possibilidades é o governo que rouba metade do PIB com negócios desastrosos para o país, que fazem parcerias público-privadas em que o estado é fortemente lesado, transferindo a riqueza do estado para os privados e cobrindo os prejuízos dos privados com dinheiros públicos. São os boys que num país como Portugal, são dos gestores mais bem pagos da Mundo. Esses é que vivem acima das suas possibilidades, e esses é que deviam ser apertados pelo FMI.

As dividas e os prejuízos dos bancos como o BPN e dos seus accionistas que são dívida privada, passaram a dívida pública como que por magia. Isto é tão escandaloso que o governo traz o FMI para nos emprestar aquilo que o governo precisa de nos roubar. O FMI e o governo são o gang do crédito, porque no multibanco os portugueses também já não têm dinheiro.

O “modus operandi” deste gang é o seguinte…

Vamos na rua, e chega o Sócrates:
Sócrates: - Isto é um assalto… passa para cá 3000€
Zé Povinho: - Só tenho 100€
Sócrates: - Não faz mal, eu trouxe aqui o meu amigo FMI que te pode emprestar o resto.
Zé povinho: - Mas eu não preciso de dinheiro emprestado…
Socrates: - Claro que precisas… se eu preciso de te roubar 3000€ e tu só tens 100€ é fácil de ver que precisas de dinheiro emprestado… Ó FMI, dá-me 2500€, ficas com 500€ de juros para ti e dá o documento de divida de 3000€ para o Zé assinar.

O FMI que devia trazer austeridade a quem vive acima das suas possibilidades, vem trazer austeridade a quem já vive na miséria há décadas. Fico chocado por não ver ninguém, nem sequer os partidos da oposição nem presidente da república, nem a comunicação social chamar a atenção para o facto de terem que ser os portugueses que vivem acima das suas possibilidades, os alvos da austeridade.

Quando se trata de receber, uns recebem 200.000€ de ordenado por mês e outros recebem 400€, mas quando se trata de ficar a dever, cada português deve 3000€ de divida soberana… porreiro pá.

Num país onde as desigualdades são gritantes, é engraçado ver que na altura de pagar, passámos a ser todos iguais.

Assokapa 16.04.11

2011/04/16

Convencer os mercados

É notório que Portugal não está a conseguir convencer os mercados internacionais porque já toda a gente viu que Portugal não está a fazer um esforço sério e credível para endireitar as suas contas públicas, e reorganizar o país para os desafios que se avizinham.

Enquanto uns estão a ser severamente apertados, outros continuam a roubar à grande e à Portuguesa. ( sim… porque os franceses não roubam assim). Ordenados obscenos para os “boys” (gestores públicos incluídos) do PS e PSD, mordomias para os políticos, institutos e organismos inúteis, pareceres jurídicos, e parcerias publico-privadas, benesses para os bancos, Etc.etc. Os roubos costume.

Dirão alguns que não são os ordenados milionários dos parasitas (gestores públicos) e as mordomias que fazem a diferença do défice. Pode até não fazer muita diferença em termos de dinheiro, mas faz toda a diferença em termos de atitude. Até porque o povo que já percebeu que os roubos continuam e que o dinheiro dos impostos que paga não está a ir para onde devia, não está com vontade nenhuma de trabalhar e continuar a ser roubado. Os mercados já perceberam isso. Enquanto o esforço não for de todos e no mesmo sentido, nunca as reformas serão credíveis. Enquanto o PS e o PSD se desentenderem na partilha do saque e do poder completamente alheados da realidade que os rodeia, e enquanto o Presidente da Republica não deixar de ser a “Rainha de Inglaterra”, vai ser difícil convencer os portugueses ou os mercados ou quem quer que seja do que quer que seja.

Se os dois partidos que têm desgovernado e vão continuar a desgovernar Portugal mostraram claramente na assembleia da república ao chumbar a proposta para limitar os ordenados dos parasitas (gestores públicos) que não estão dispostos a deixar de roubar, é claro que os mercados não levam a sério estas farsas a que o governo chama reformas.

Assokapa 22/02/2011

FMI em Portugal

A entrada do FMI em Portugal pode ser ou não benéfica para o país. Se o FMI vier ensinar o governo a governar, e vier mudar o rumo que o governo tem vindo a seguir, e obrigar o governo a salvar o país, é bem-vinda. Se vier acabar com os milhares de institutos, fundações e empresas públicas, reformas douradas, mordomias de luxo por parte dos ministérios, e com os roubos generalizados em forma de consultadorias e estudos de viabilização das obras megalómanas que os políticos inventam para poderem roubar mais, pode ser a salvação do país.

Se pelo contrário, o FMI vier ajudar o governo na continuação do seu objectivo de destruir completamente o país, acabando com as poucas empresas que ainda conseguem sobreviver e com o emprego que resta que no fundo são quem produz, sustenta o país e que vão pagando os roubos do governo, dos políticos e dos parasitas que enriquecem à conta dos nossos impostos, então ficamos pior.

Neste caso o FMI não faz cá falta porque o governo está a conseguir com muito sucesso e de uma forma muito eficaz, acabar de vez com Portugal.

Assokapa 12/01/2011

Galinha dos ovos d'ouro

Se Marinho Pinto mandasse neste país, acreditem que isto entrava nos eixos em 3 meses. Era a nossa salvação. De qualquer modo sabe muito bem ter alguém que fale por nós e diga sem papas na língua aquilo que todos nós pessoas de bem gostaríamos de dizer e que infelizmente, apesar de podermos dizer, não somos ouvidos. Este país esta dominado e é governado por uma cambada de ladrões, apoiados por corporações e instituições que também mamam na mesma teta e lhes dão cobertura.

O país está a ser roubado por gente tão estúpida que nem percebe que acabam por matar a galinha dos ovos de ouro. Se fossem inteligentes, iam roubando devagarinho e podiam roubar mais tempo. sem as pequenas e médias empresas, sem emprego e sem dinheiro no bolso para consumir, e a continuarem os roubos dos bpn’s, dos institutos, das empresas municipais, das fundações, dos obsrevatórios e de todos os  cerca de 13.000 organismos que vivem à conta do nossos impostos com os parasitas dos gestores a viverem principescamente à conta de quem trabalha, este país vai entrar em banca rota muito rapidamente.

Para o país sobreviver era preciso que os roubos fossem mais modestos, e que fossem retirados das tetas alguns parasitas. É claro que nenhum partido e muito poucos políticos estão interessados em acabar com a corrupção porque é disso que eles vivem.

Assokapa 04/01/2011

Incompetencia dos políticos

Um dos problemas do nosso país, é que os políticos não têm formação nenhuma especifica para desempenhar o cargo. Na sua maioria nem formação superior têm. Compram-na. Os poucos políticos que tentaram criar e gerir uma empresa, acabaram por as levar à falência. São pessoas que só sabem gerir com recursos ilimitados e com dinheiro que lhes cai do céu. (nosso dinheiro). Os políticos deviam ter cursos de ciências políticas, ou pelo menos complementos de formação, e deveriam ser responsabilizados pelos erros cometidos. Se para se guiar um carro é preciso ter carta de condução, e se para exercer qualquer profissão é necessário ter um curso, e se é responsabilizado pelos erros cometidos, é ridículo que para se governar um país não se tenha que ter um curso, e se possa cometer todo o tipo de erros e ilegalidades impunemente.

Os partidos que deveriam servir para resolver este tipo de questões, e criar legislação para assegurar a qualidade da governação, não passam de incubadoras de incompetentes, vigaristas e ladrões que apenas servem para cuidar dos interesses do poder económico, dos seus interesses pessoais, amigos e familiares, e roubar aos pobres para dar aos ricos.

A situação é tão caricata, que como já não temos mais dinheiro para nos roubarem, endividam-nos. O governo é uma espécie de gang do multibanco. Ou seja, ficamos a pagar nos próximos anos, os roubos que sofremos hoje, e portanto serão os nossos filhos a pagar o roubo.

Para que o país tenha sucesso, é necessário que todos nós sintamos que o nosso dinheiro é bem gasto, e que temos direito àquilo para o qual descontamos. Saúde, educação e justiça com um mínimo de qualidade. Sem o esforço e o empenhamento de todos não é possível levar o país a bom porto.

Assokapa 30/11/2010

Esmeralda

É incrível como a estupidez humana se pode manifestar. Como é que é possível que alguém se congratule com uma decisão de um tribunal que é uma verdadeira aberração e que até vai de encontro aos interesses da criança que segundo sei, nestes casos deve ser com quem o tribunal se deveria preocupar?

Para além disso, um juiz não é um psicólogo, e se os psicólogos dizem que é desastroso para a criança ser entregue a um desconhecido, essa opinião devia ser respeitada. É incrível como um Juiz pode decidir acerca de matérias das quais não faz a mais pálida ideia, e pelos vistos, nem respeita a opinião de quem sabe.

Mais... se o progenitor gostasse da filha um pouco que fosse, era o primeiro a querer que a ela ficasse com os pais verdadeiros… porque são os únicos que a Esmeralda conhece.

Agora pergunto eu o que é que vai acontecer aos juízes que tomaram essa decisão, se a Esmeralda tiver problemas graves no futuro, ou pior ainda, se for maltratada ou abusada sexualmente pelo oportunista que só se lembra agora que quer uma filha que abandonou quando ela mais precisava.

Acho caricato que um tribunal entregue uma menor a um pai negligente. Se o pai biológico tivesse sempre vivido com a filha e fosse negligente, o tribunal retirava-lhe a filha, mas se um pai for muito negligente ao ponto de abandonar a filha, ganha o direito a ficar com ela, apesar de isso ser terrivelmente traumatizante para uma criança que não tem culpa nenhuma de ter nascido fruto de uma relação esporádica, sem sequer ter sido desejado ou planeado o seu nascimento.

A mim ninguém me adoptou os filhos, pela simples razão de que eu nunca os abandonei. Parece que estamos todos parvos? A situação em que a criança se encontra, foi criada pelo progenitor. Os pais afectivos, limitaram-se a socorrer a criança de uma situação desesperante, criada pelos progenitores.

E não me venham cá com leis, porque não é disso que se trata, trata-se de uma cambada de oportunistas que vêm neste caso mediático, uma oportunidade de aparecerem nas televisões e de se promoverem à custa do sofrimento de uma criança.

Quanto mais conheço as pessoas… mais gosto dos animais

Assokapa 22/11/2007

Informação aos leitores

Estes textos que se seguem, foram escritos em 2001 e enviados para todos os partidos políticos e publicados em jornais online na altura das datas em que foram escritos. Como deram trabalhinho a escrever, embora já estejam fora de prazo, não quis deixar de os publicar agora que tenho um blog. De qualquer modo, e embora desactualizados, é interessante ver como já previa que se não se fizesse nada, isto iria dar mau resultado.

Desgorvernados

Portugueses... estamos desgraçados.

Gastamos muito, trabalhamos pouco, somos os últimos da Europa em tudo o que é bom, só estamos à frente na desgraça e na incompetência. A Saúde está péssima, a justiça não existe, a educação está de rastos. O despesismo aliado à incapacidade geral da máquina do estado, devido à burocracia e falta de soluções criativas e inteligentes para a resolução de problemas, vai ser desastroso a curto, médio e longo prazo. E sabem o que é mais assustador?
É que não vai ninguém ao volante. Estamos completamente desgovernados. O piloto vai a lutar com o pendura na disputa pelo volante, e vamos completamente aos eSSes. Cá atrás, a maior parte de nós vai completamente distraída, outros muito ocupados com os seus afazeres, e outros nem sequer têm consciência do perigo. A continuar assim, não vamos conseguir fazer a próxima curva.

Há incompetência em todos os sectores da sociedade, mas devido à importância dos cargos, a incompetência dos políticos, dos juizes e dos jornalistas, é particularmente grave, porque se vai reflectir no estado da sociedade. E o problema tem várias vertentes; Os políticos, não têm habilitações académicas para os cargos que desempenham. Deveriam ter cursos de ciências políticas, e noções de Estado. Qualquer engenheiro, advogado ou economista pode ser ministro ou secretário de estado, ( e alguns nem isso são ). Para provar que a competência nas matérias é o que menos interessa, têm a lata de trocar de ministério.

Eu sei que a agenda é pesada e o esforço que têm que fazer para se manterem no poleiro é desgastante, mas têm de arranjar um tempinho para trabalhar, para tomar decisões, para governar. O principal mal dos nossos políticos, para além da incompetência, é a falta de tempo para trabalhar para o país.

Assokapa 01/05/2001

Jornalismo pimba

O que me revolta mais do que a actuação dos governantes, que todos temos a consciência de que são dos piores profissionais da nossa sociedade, uns verdadeiros ladrões, mentirosos e irresponsáveis, porque como são eles que fazem as leis com que eles próprios se regem, ganham bem, trabalham pouco, e não são responsabilizados em relação às decisões que tomam ou que não tomam, é o facto da sociedade em geral não ter o mínimo de noção do que é justo ou deixa de ser, e de, graças aos jornalistas (que à partida deveriam de denunciar o que verdadeiramente está mal), andarmos quase todos enganados em relação ao que nos rodeia.

Os órgãos de comunicação social, que deveriam chamar a atenção para o que está mal, ocupam-se com noticias macabras, exploram o sofrimento alheio, praticam um jornalismo pimba, e pactuam com os políticos, com a denominada justiça (que simplesmente não existe no nosso país), e com o poder económico, tapam-nos os olhos, não tocando em temas “quentes”, e quando a “bronca” é por demais evidente, limitam-se a passar uma tímida noticia, sem irem até às ultimas consequências, e denunciar os culpados de tão revoltante situação.

Alguns jornalistas queixam-se de que em Portugal a culpa morre solteira, esquecendo-se de que é a sua própria classe a responsável pela maior parte das culpas que morrem solteiras, porque se a culpa morre solteira, há um irresponsável que a comunicação social nunca procura. A comunicação social é que deixa morrer solteira a culpa de quem é culpado pela culpa morrer solteira. Infelizmente não podemos confiar na comunicação social, que demonstra com a sua actuação diária, que tem medo de enfrentar os diversos poderes instituídos, (e que na maior parte dos casos depende directamente deles) nomeadamente o poder político, o poder judicial, e o económico. Como todos os males da nossa sociedade estão directa ou indirectamente ligados a estes três poderes, e como o poder da opinião pública é formado pelas noticias que a comunicação social nos divulga, é fácil perceber porque é que estamos tão mal informados, e porque é que a nossa sociedade é o que é. Estamos todos num estado de hipnose geral, numa espécie de sono profundo, que nos impede de perceber o que é que está mal, porquê, e por culpa de quem.

Assokapa 29/04/2001

Morte na estrada

Então será que os responsáveis políticos ainda não perceberam quais as causas da sinistralidade em Portugal? Se já perceberam, porque é que não actuam? Ou será que estão só a aproveitar a situação para sacar o dinheiro das multas, em vez de criarem soluções para reduzir a sinistralidade, que é para isso que lá estão, e é para isso que recebem ordenado pago por todos nós. A incompetência impera a todos os níveis na administração pública, e o pelouro do trânsito não foge à regra. Intencionalmente ou não, o facto é que o estado não reduz a sinistralidade, e por outro lado vai enchendo os cofres com pesadas multas com a desculpa que está a fazer o que lhe compete para reduzir os acidentes, que é multar os aceleras. É evidente que não está.

Está mais que provado que a repressão não resolve o problema, porque nunca a caça à multa esteve tão apertada, e o índice de sinistralidade continua a aumentar. Quando o estado quiser efectivamente reduzir a sinistralidade em Portugal, vai ter que legislar e reformular completamente os métodos e regras de ensino da condução de veículos. (Do modo como se obtém uma carta de condução em Portugal, até admira como é que não há mais acidentes).

Durante a aprendizagem, não se guia de noite, nem se experimenta a diferença de resposta do veículo em piso molhado, não se guia em estrada, nem auto-estrada, nem se tem consciência da arma que se tem nas mãos ao conduzir um veiculo, nem das implicações jurídicas que acarreta. Para além de um ensino prático completo e eficiente, aos candidatos a condutores, deveria ser explicado como acontecem a maior parte dos acidentes, (já tipificados), os perigos, as causas, precauções a tomar, e serem sensibilizados para a necessidade de adaptar a condução às diferentes condições humanas, do veículo, da estrada, e meteorológicas etc., etc. Com vontade política, haveria muito que fazer em matéria de segurança rodoviária.

Infelizmente é já na estrada e na via pública, com a carta no bolso, que todos nós aprendemos a conduzir, com os sustos e acidentes que temos ao longo dos anos, e que para alguns de nós é fatal logo à primeira «lição». Para outros a lição fatal só acontece mais tarde quando involuntariamente fazemos parte de uma das primeiras lições de outro condutor.

O ensino da condução não está de forma alguma adequado à realidade do trânsito, e o governo, não quer alterar esta situação. Para o governo a sinistralidade legitima a repressão, e a verba «dá jeito» ao orçamento. Quando precisar de mais receita nas multas, vai implementar uma nova modalidade no ensino da condução: por correspondência. Se mesmo assim a receita for curta pode-se sempre oferecer umas cartas de condução dentro de pacotes de bolachas. É com a consciência desse facilitismo que penso quando vejo uma manobra perigosa, (deve-lhe ter saído a carta na farinha Amparo).

Assokapa 13/04/2001

Aborto - A mais gritante prova da nossa hipocrisia

Sou a favor da Vida e portanto a favor da despenalização do aborto, o aborto sempre existiu e não é ilegalizando-o que se vai acabar com ele. A despenalização só servirá para reduzir esta prática, através de campanhas de sensibilização, divulgação de métodos contraceptivos, do acompanhamento e aconselhamento das mulheres candidatas à sua prática, e em último caso, para realizar o aborto em segurança, e em condições humanamente dignas.

Mas a proibição do aborto ganhou em referendo, e como sou democrata, aceitei a vitória de quem votou contra a despenalização. Embora duvidasse que a verdadeira intenção de quem votou contra, fosse mesmo acabar com o aborto, esperei para ver, e pensei que finalmente ia assistir ao encerramento de algumas dessas casas que o praticam ilegalmente, (nem que fosse para «inglês ver») e assistir à prisão de algumas pessoas, algumas "parteiras", e alguns "médicos".

É com grande espanto que verifico, que passados estes anos não tenha encerrado uma única casa onde se praticam abortos ilegais, quando todos nós sabemos onde elas existem, nem ninguém tenha sido sequer julgado pela prática desse crime. Fico ainda mais chocado ao ver que o PSD, o CDS, a igreja, os movimentos «a favor da vida» e os portugueses que votaram contra, não exijam resultados práticos da sua vitória.

Então não era para acabar com a prática do aborto a finalidade dos vossos esforços? A vossa nobre causa não era para salvar vidas? Salvaram muitas?

Ao fim deste tempo está mais que provado que toda esta gente que votou contra a despenalização do aborto está completamente a borrifar-se para o direito à vida dos outros. Será assim tão difícil, chegar a uma esquadra da policia e denunciar uma casa onde se pratique o aborto ilegal, e exigir o seu encerramento? Entre tantos milhares de pessoas, e tantos movimentos «a favor da vida», ninguém denuncia nada? Ninguém faz nada? Não sentem vergonha? Estão de bem com a vossa consciência? Eu, no vosso lugar não estava. E o PSD e o CDS onde estão? Será que o maior partido da oposição e o CDS não conseguem fazer nada para impedir as dezenas de abortos que se praticam por dia?

Para mim, ficou bem claro que as minhas suspeitas tinham fundamento. O PSD e o CDS sentiram que se exigissem um referendo tinham a possibilidade de conseguir uma vitória política sobre a esquerda, e vergonhosamente utilizaram o «direito à vida» para conseguir os seus objectivos políticos.

Quem ficou a ganhar com o resultado do referendo foram as casas que praticam o aborto ilegal, que «facturam» fortunas livres de qualquer tipo de impostos e a preços escandalosos. (quando deixar de ser ilegal, acaba-se a mama).

Será que no próximo referendo, esta gente toda (que agora não actua nem se manifesta) vai ter a «lata» de sair novamente para a rua em manifestações a favor da Vida?

De qualquer modo, e para sermos menos hipócritas, o texto do próximo referendo deveria ser:
- A favor da despenalização do aborto
- A favor da continuação do aborto ilegal
Na realidade são estas, as duas opções que se nos colocam.


Assokapa 08/04/2001

2011/04/15

Roubar os pobres

A principal razão que me leva a escrever este «grito de revolta» é o facto de constatar que estamos tão adormecidos, que aceitamos como normais situações de injustiça, de ilegalidade e até de inconstitucionalidade. Dou um exemplo do que me inquieta, e que nos deveria de inquietar a todos, e deixo algumas perguntas no ar para todos reflectirmos.

Dou como exemplo, o escandaloso negócio das farmácias, não só por nos afectar a todos, mas porque afecta principalmente os idosos, os mais desprotegidos, os mais pobres, e principalmente porque é daqueles temas em que ninguém «toca». Nem partidos políticos, (nem os de esquerda, que se dizem defensores do povo), nem comunicação social, (A Visão publicou um artigo sobre o tema, mas infelizmente só constatou que as farmácias são um excelente negócio), nem associações de consumidores.

É evidente que apesar de ser uma pessoa bem informada, não consigo ter informação da totalidade de tudo o que se faz ou diz neste país, de qualquer modo as minhas acusações são para quem nada faz para alterar esta situação, para os outros o meu «bem hajam». De qualquer modo, na generalidade, é um tema tabu, que não se vê discutido nos média, nem se vislumbra qualquer alteração a curto ou médio prazo.

As farmácias são dos negócios mais lucrativos que existem. Quem é que paga esse lucro? Todos nós através dos impostos e quando estamos doentes, os doentes crónicos, e os idosos que necessitam dos remédios para viver, e que segundo a constituição deveriam ter direito à vida. Os idosos, se quiserem viver ou tentar sobreviver, pegam na sua miserável reforma e gastam metade em remédios, para pagar os lucros milionários que as farmácias não permitem sequer que alguém ponha em causa. Porque é que os remédios são tão caros? Porque o estado não permite a abertura de mais farmácias, não fosse a livre concorrência estragar o negócio às já existentes. Porque é que o estado é cúmplice? Porque o estado gasta mal, sabe-se lá em quê os largos milhões de contos, que nos cobra a nós em impostos e que não entrega às farmácias. Porque é que as farmácias não exigem a dívida? Por duas razões. Porque assim têm o estado na mão para este não atribuir mais alvarás e não haver livre concorrência que resultaria na baixa de preços dos remédios e consequentemente lhes estragaria o negócio, a segunda razão, é porque não precisam, apesar da divida do estado, o negócio é extremamente lucrativo.

O que é repugnante, para além da cumplicidade do estado, é que esse lucro seja pago pelos mais pobres, e através de um artigo de primeiríssima necessidade. Falando curto e grosso, o estado que tem como obrigação a defesa de todos nós, violando a constituição, obriga os mais pobres e os mais desprotegidos a pagar a preço de luxo um artigo de primeira necessidade, e a que deveriam ter acesso grátis, ajudando os que já são ricos a ficarem ainda mais ricos, deixando-se chantagiar pela Associação Nacional de Farmácias.

Com tanta injustiça, e tanta imoralidade junta, alguém me sabe explicar porque é que ninguém diz ou faz nada? Estamos ou não todos a dormir? Onde estão os partidos ditos de esquerda, e as organizações que nos deveriam defender? Onde está a comunicação social que supostamente deveria de alertar para o que está mal? Devem estar todos em Entre os Rios a discutir audiências, explorando o sofrimento dos familiares das vítimas, e perguntando:
Você que perdeu sete familiares neste acidente, o que é que sente neste momento?

Assokapa 06/04/2001